terça-feira, 27 de novembro de 2012

A Sombra e a Escuridão #3

Então eu fugi.
Me escondi de todos.
Fiquei adormecido durante muito tempo, me fechando para todas as expectativas.
Ela se foi, junto levou um pedaço de mim.

Lembrei do seu primeiro sorriso direcionado a mim.
Também daquele olhar desesperador de quem não sabe aonde está indo.

- Eu sei que te fiz mal, mas também sei o que sinto, eu gosto de você. - Ela me disse olhando nos meus olhos. - Você não precisa ter medo, nunca vou mentir para você... Eu te amo.

Estava chovendo muito, aquelas palavras me tocaram da forma que ela havia previsto que iriam tocar.
Cada palavra medida, cada olhar minuciosamente calculado.

Ela era fria, mas naquele momento transbordava sentimento.
E naquele momento, eu pude me ver nos olhos dela.
Naquele momento eu entendi o significado de plenitude, e sei que ela também.

Naquele momento minha Sombra se foi.

Ela me beijou, e todo aquele medo que antes eu sentia, todo aquele receio de me entregar à ela, se foi, e tudo começou ai.

Minha dependência doentia de algo que me completa, a sensação de conforto e completude, a minha alma.

A Sombra e a Escuridão #2

Todo sol tem sua lua.
Todo espelho o seu reflexo.
Todo olhar tem seu receptor.
A palavra atingida a sua lágrima.
Toda escuridão tem sua sombra.

Alguém vai recuperar a minha reação?

Comecei a lembrar do passado.
Tomar decisões é difícil, sem rumo.
Minha Sombra permanecia intacta, diferente do que ela me disse.

Será que vai retornar?
Minha alma permanece por ai, perdida.
Em algum beco, alguma boate.
Em algum bar, jogando sinuca, descontraída.

Perdi minha humanidade, estou perdendo a sanidade, e ninguém vai me ouvir chorar, nem reclamar.
Seguirei em frente, eu e minha sombra, como se nos arrastássemos por este caminho.

Morrer não é parar de respirar, é perder o motivo para tal.
Estar sozinho não é uma condição física.