sábado, 18 de agosto de 2012

Silêncio pt.2

Ela é ilegível.
Instável.
E sempre foi assim, com o seu charme ela se despede, e aquela dúvida do re-encontro me matava a cada adeus.
E teve um dia que ela se foi.

É essencial, deixa um pouco de si aonde passa.
Ela é a frágil donzela, vestida de uma forte guerreira.
Auto-suficiente ela anda de cabeça erguida, e sua bondade é reconhecida por todos.
Colecionadora de pessoas, não se desfaz de ninguém.

O seu corpo responde ao toque o que muitas vezes sua boca tem medo de falar.
É orgulhosa. Tem medo da dependência, medo de falhar, medo de se ferir.

Pensamos em tudo que poderia acontecer, e eu me assustei.
Me assustei por talvez não conseguir cumprir a promessa de cuidar.

O pra sempre existe?
Éramos jovens, será que aquela era a hora certa?

Eu relutei, respondi precipitadamente. Me arrependi.

Depois de falhar com a resposta, as coisas foram diferentes.
E hoje eu tenho essa resposta.

O pra sempre existe?

Sim, apenas com ela.
Não existe nada antes dela, e não haverá um depois.
Ela é única, uma dança de imperfeições.
Ela é perfeita, perfeita do jeito que é, e eu não quero deixa-la.

sábado, 11 de agosto de 2012

Silêncio

Pensativo.
Eu estava sentado no ultimo vagão do trem, já era noite.
Olhando pela janela sem ver a paisagem, eu pensava em nós dois.

Nos meus ouvidos o fone, que tocava a nossa musica.
Nas ruas escuras e nubladas caminhos que já fizemos.
Cada assento marcado com nosso sorriso.

Agora eu ria sozinho, lembrando.
Eu choro sozinho, lembrando.

A música torturante acaba, e como num suicídio eu repito-a.
A tortura necessária, a tal da foça.
Mas já se passou tanto tempo, me nego aceitar um fim trágico.

O trem para naquela estação.
Ando devagar, na esperança de vê-la sorrindo sentada em algum lugar.

Estou cercado de tanta gente e sozinho.
Cercado de tanto barulho, e no silêncio morre o sentimento, e eu sou acordado pela realidade.

domingo, 5 de agosto de 2012

Não sei se é tristeza ou remorso.
E tudo fica podre.
E o podre se torna normal.
O normal se torna obrigatório.
O obrigatório vira rotina, e então todos estão contaminados.
Caminho na noite fria.
Penso em tudo que já perdi, no que ainda posso recuperar.
Penso que a vida me deixa mais forte, mais fraco, mais frio.
Não sei se queria que tudo tivesse tomado esse rumo.